Baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais segue breve histórico comentado do ensino de Ciências Naturais: fases e
tendências dominantes.
“Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, ministravam-se aulas de Ciências Naturais apenas nas duas últimas séries do antigo
curso ginasial. Essa lei estendeu a obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas as séries ginasiais, mas apenas a partir de 1971, com a Lei no 5.692,
Ciências passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau.” Época em que predominava o Ensino tradicional, na qual o professor era visto
como um mero relatador das teorias e conceitos prontos e incontestáveis.A qualidade do ensino era medida pelo acúmulo de conteúdos que eram trabalhados, e
pelo questionamento feito como avaliação aos alunos que deveriam basear-se nas ideias apresentadas pelo livro didático.
Reconsiderando: ... foi instituída a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que alterou a redação dos Arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro 1996 (LDB), estendendo para nove anos a duração do Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos.
“As propostas para a renovação do ensino de Ciências Naturais orientavam-se, então, pela necessidade de o currículo responder ao avanço do conhecimento
científico e às demandas pedagógicas geradas por influência do movimento denominado Escola Nova. Essa tendência deslocou o eixo da questão pedagógica
dos aspectos puramente lógicos para aspectos psicológicos, valorizando-se a participação ativa do estudante no processo de aprendizagem.”
O conceito de formação ganhou lugar em meio ao de informação, proporcionando maior espontaneidade ao aluno e ao professor podendo assim criar
suas formas e procedimentos de aquisição do conhecimento, criando seus objetos educacionais que puderam ser aplicados em práticas levando o aluno a
vivenciar e resolver situações através dos procedimentos do método científico.
“Transcorridos quase 30 anos, o ensino de Ciências atualmente ainda é trabalhado em muitas salas de aula não levando em conta sequer o progresso relativo
que essa proposta representou. Durante a década de 80, no entanto, pesquisas sobre o ensino de Ciências Naturais revelaram o que muitos professores já
tinham percebido: que a experimentação, sem uma atitude investigativa mais ampla, não garante aprendizagem dos conhecimentos científicos.”
Ou seja, é preciso que se ofereça uma contribuição a partir do que se foi estudado ou criado, pois, a ciência está intrinsecamente ligada ao
desenvolvimento, nesta perspectiva não pode ficar estagnada a uma prática demonstrativa e sem objetivos palpáveis.
“No ensino de Ciências Naturais, a tendência conhecida desde os anos 80 como Ciência, Tecnologia e Sociedade. (CTS), que já se esboçara anteriormente e
que é importante até os dias de hoje, é uma resposta àquela problemática. No âmbito da pedagogia geral, as discussões sobre as relações entre educação e
sociedade se associaram a tendências progressistas, que no Brasil se organizaram em correntes importantes que influenciaram o ensino de Ciências Naturais,
em paralelo à CTS, enfatizando conteúdos socialmente relevantes e processos de discussão coletiva de temas e problemas de significado e importância reais.
Questionou-se tanto a abordagem quanto a organização dos conteúdos, identificando-se a necessidade de um ensino que integrasse os diferentes conteúdos,
com um caráter também interdisciplinar, o que tem representado importante desafio para a didática da área.”
Nesse instante a visão mudou de foco pela necessidade de tomar novas medidas que se reportassem aos problemas sociais e ambientais desencadeados
pela grande aceleração da industrialização. Por esse motivo o ensino teve que ser voltado aos acontecimentos e práticas da sociedade utilizando-se de um
conceito ainda não enfocado anteriormente, a contextualização.
“Especialmente a partir dos anos 80, o ensino das Ciências Naturais se aproxima das Ciências Humanas e Sociais, reforçando a percepção da Ciência como
construção humana, e não como “verdade natural”, e nova importância é atribuída à História e à Filosofia da Ciência no processo educacional.”
A ideia de construção do conhecimento ganhou fôlego impulsionado pelas experiências vividas pelos alunos, desencadeando um processo ordenado de
aproveitamento das experiências e conceitos anteriores para formação de novos conceitos ou até mesmo seu aperfeiçoamento.
“As pesquisas acerca do processo de ensino e aprendizagem levaram a várias propostas metodológicas, diversas delas reunidas sob a denominação de
construtivismo. Pressupõem que o aprendizado se dá pela interação professor/estudantes/conhecimento, ao se estabelecer um diálogo entre as ideias prévias
dos estudantes e a visão científica atual, com a mediação do professor, entendendo que o estudante reelabora sua percepção anterior de mundo ao entrar em
contato com a visão trazida pelo conhecimento científico.”
É importante perceber que são muitas propostas que podem contribuir com a metodologia para aperfeiçoar e dinamizar o estudo de Ciências, mas cabe
principalmente aos participantes diretos deste processo, professor/aluno, buscar meios que estabeleçam uma construção do conhecimento inteiramente voltada à
percepção de um grupo atuante e diretamente ligado ao meio em que está inserido. Não esquecendo de atribuir responsabilidades aos órgãos e gestores
responsáveis, que devem dar condições para que a educação ocorra sem interrupções.
Objetivos gerais de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental.
O ensino de Ciências Naturais deverá então se organizar de forma que, ao final do Ensino Fundamental, os alunos tenham desenvolvido as seguintes
capacidades:
compreender a natureza como um todo dinâmico e o ser humano, em sociedade, como agente de transformações do mundo em que vive, em relação
essencial com os demais seres vivos e outros componentes do ambiente;
compreender a Ciência como um processo de produção de conhecimento e uma atividade humana, histórica, associada a aspectos de ordem social,
econômica, política e cultural;
identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica, e
compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas, sabendo elaborar juízo sobre riscos e benefícios das práticas científicotecnológicas;
compreender a saúde pessoal, social e ambiental como bens individuais e coletivos que devem ser promovidos pela ação de diferentes agentes;
formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas reais a partir de elementos das Ciências Naturais, colocando em prática conceitos,
procedimentos e atitudes desenvolvidos no aprendizado escolar;
saber utilizar conceitos científicos básicos, associados à energia, matéria, transformação, espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida;
saber combinar leituras, observações, experimentações e registros para coleta, comparação entre explicações, organização, comunicação e discussão de
fatos e informações;
valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a construção coletiva do conhecimento.
Metodologia do Ensino de Ciências
Todas as atividades desenvolvidas na escola voltadas para a promoção da aprendizagem são importantes, mas a prática do professor deve ser voltada
para uma abordagem de aproveitamento do conhecimento significativo. Segundo Moreira (1999) "a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual
uma nova informação relaciona-se, de maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo",
essa metodologia deve acontecer de forma contínua a cada introdução de novos conteúdos, pois os alunos não são inertes aos conhecimentos que podem vir de
várias fontes no seu meio social. A abordagem aos conhecimentos significativos pode contribuir para a aquisição dos conhecimentos científicos que serão
orientados pelos professores na sala de aula.
Os conhecimentos científicos aplicados no Ensino Fundamental II possibilitam o reconhecimento de problemáticas bem como a articulação do
pensamento para solucioná-las, pois o método científico promove as seguintes etapas para formação de possíveis teorias: observação de um fato, a formulação
de uma hipótese, a experimentação, a interpretação dos resultados e, por fim a conclusão, instigando o aluno a modificar seu meio social através do
conhecimento construído e articulado. Esse conhecimento pode contribuir para direcionar o aluno, em meio a tantas inovações tecnológicas, a visualizar
informações verdadeiramente importantes e proveitosas para sua formação.
Além do conhecimento teórico abordado no Ensino de Ciências, a prática demonstrativa alinhada à teoria pode promover a dinamização e a
contextualização dos conteúdos para despertar o interesse e envolvimento dos alunos durante o desenvolvimento das aulas, podendo articular o conhecimento
significativo a um novo conhecimento proposto e previamente planejado para cada escola em suas especificidades. Promovendo assim o pensamento científico
crítico, instigando os alunos a enfrentar novos desafios através da dinamização dos conteúdos. Para este fim, a utilização de práticas para demonstração de
teorias pode funcionar como um importante instrumento de promoção deste objeto, visto que o ato de comprovar teorias descritas nos livros didáticos pode
proporcionar aos alunos a visualização até mesmo de novas possibilidades e desenvolver o “aprender a aprender”, construindo competências e habilidades que
possam dar suporte ao aprendizado de conteúdos teóricos.
Avaliação
Apesar da maioria das escolas utilizarem a prática da avaliação quantitativa na perspectiva de atribuição de nota para promoção do aluno, este processo
não pode e não deve excluir o caráter qualitativo do desempenho do estudante durante sua trajetória no processo de ensino aprendizagem. Como descreve
Libâneo em sua obra Didática (1994), “[...] ao fixar critérios de desempenho unilaterais, o professor avalia os alunos pelo seu mérito individual, pela sua
capacidade de se ajustarem aos seus objetivos, independentemente das condições do ensino e dos fatores externos e internos que interferem no rendimento
escolar.” Sendo assim, é importante levar em consideração o aproveitamento nas diversas áreas de desempenho do aluno e não apenas o aprender dos
conteúdos, pois o processo de ensino aprendizagem está atrelado a outros fazeres e saberes desenvolvidos pelos alunos ao longo do processo educativo.
Podem servir como instrumentos utilizados na prática de avaliação: prova dissertativa; prova de questões objetivas; questões de lacunas; questões de
correspondência; questões de múltipla escolha; questões de interpretações de texto; questões de ordenação; questões de identificação. Instrumentos esses, que
devem ser focados no fazer do aluno, nas suas articulações sobre o conhecimento e no seu raciocínio.
Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi In: Libâneo (1994) “[...] a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de
ensino aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Os dados relevantes se referem às várias manifestações das situações
didáticas, nas quais o professor e os alunos estão empenhados em atingir os objetivos do ensino.” Sendo assim, os critérios avaliativos são indispensáveis para a
prática de avaliação, os mesmos devem ser anteriormente estabelecidos para melhor aproveitamento e interpretação dos resultados obtidos. Como exemplo,
pode-se utilizar além da resposta relacionada ao conteúdo proposto, a interpretação e escrita das respostas, bem como a organização das informações para
solução dos problemas propostos.
Do pressuposto, entende-se que é o processo de ensino e não apenas os alunos que devem ser objetos da avaliação, pois a avaliação é um passo
indispensável para o alcance dos objetivos de ensino aprendizagem e deve aparecer durante todo o percurso da prática pedagógica, diagnosticando, construindo
e reavaliando. Além do mais deve contribuir para que o professor possa repensar sua prática de ensino a partir dos resultados obtidos, e sendo assim, viabilize
uma aprendizagem significativa para promover atitudes positivas, configurando mudanças sociais