Anel de Fogo do Pacífico: a região com mais vulcões no planeta
Em meio à pandemia da covid-19, quinze vulcões entraram em erupção em um curto espaço de cerca de 24 horas, levando ainda mais medo a um mundo já bastante aterrorizado pelo avanço do novo coronavírus. Tantas erupções juntas, consideradas um fenômeno inédito na história recente da humanidade, ocorreram entre os dias 11 e 12 de abril de 2020. Período cheio de cinzas e materiais incandescentes vulcânicos lançados no ar, que atingiram locais muito distantes e alturas de até 15 quilômetros. Anel de Fogo do Pacífico é nosso assunto.
Cinzas e materiais incandescentes vulcânicos foram lançados por vulcões de países e regiões tão distintas como Rússia, Japão e Indonésia, na Ásia; até o México, na América do Norte. Além de Equador, Peru e Chile, na América do Sul. Regiões distantes, mas com algo em comum: fazem parte do Anel de Fogo do Pacífico. Também conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico, essa é a área que mais concentra vulcões no planeta.
A cadeia tem mais de 450 vulcões ativos ou adormecidos e locais de atividades sísmicas em áreas costeiras, estimam os especialistas. Metade dos vulcões do mundo está na cadeia. Entre eles, 23 dos 25 maiores. Em torno de 90% dos terremotos, entre os quais 81% dos piores sismos, aconteceram ao longo da cadeia.
O que é o Anel de Fogo do Pacífico
Apesar do nome, o Anel de Fogo do Pacífico tem formato semicircular, ou de uma ferradura. Ele rodeia praticamente todo o Oceano Pacífico e a região é considerada como de “elevada instabilidade geológica”. Abrange uma área de aproximadamente 40.000 quilômetros. “É basicamente constituído por cadeias ou cordilheiras de montanhas, fossas oceânicas (profundos vales) e arcos de ilhas vulcânicas”, explica a agência de notícias alemã Deutsche Welle (DW).
“A faixa de vulcões se estende por toda a costa oeste das Américas, da América do Sul (desde o Chile) à América do Norte(até as ilhas Aleutas, no Alasca). A partir daí, passa para a Ásia, abrangendo parte do litoral da Sibéria (na Rússia)”, informa o site Britannica.
Mas não acaba aí, como prossegue o site: “Depois, o Anel de Fogo do Pacífico desce rumo ao sul, ao longo das ilhas do leste e do sudeste da Ásia (como o Japão, as Filipinas e a Indonésia). Em seguida, corre nas direções leste e sul, passando por Papua-Nova Guiné e chegando à Nova Zelândia”.
As placas tectônicas no caminho do Anel de Fogo
Além de transcorrer toda a extensão da costa do Oceano Pacífico, a DW explica que a “a cadeia vulcânica semicircular começa com uma ramificação no Oceano Índico e continua através da Indonésia, Sumatra e Malásia até a Placa das Filipinas. A partir daí, o Anel abrange toda a Placa do Pacífico, a Placa Juan de Fuca (localizada em frente à costa do Canadá e dos estados americanos de Washington e Oregon), a Placa de Cocos (localizado no Pacífico em frente à América Central) e a Placa de Nazca (em frente à América do Sul). A atividade sísmica é elevada em toda a região”.
Portanto, no semicírculo do Anel de Fogo do Pacífico existem dezenas de países e milhares de ilhas, muitas das quais formam nações constantemente ameaçadas pelos vulcões e terremotos. A exemplo da própria Indonésia, maior arquipélago do mundo, com mais de 17 mil ilhas de origem vulcânica.
A importância das placas tectônica no Anel de Fogo
Segundo o site Britannica, o Anel de Fogo rodeia as beiradas da gigantesca placa do Pacífico. Trata-se de uma das placas tectônicas que formam a crosta terrestre. As principais somam 14, mas existem outras 38 placas de menor dimensão. Elas “se movimentam em direções distintas e a velocidades diferentes. Quando a placa do Pacífico colide com as placas vizinhas, ocorrem terremotos e os vulcões entram em erupção”.
Todos esses eventos extremos da natureza podem causar ainda os destrutivos tsunamis, como Mar Sem Fim já mostrou. “A região tem uma sucessão quase contínua de fossas oceânicas, arcos vulcânicos e movimentos de placas tectônicas, que dão origem a sismos e vulcões e por vezes tsunamis”, endossa o site Publico.
Em outras palavras, o movimento das placas não causa apenas terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas, mas ele também forma os vulcões, como ressalta a DW: “Essa zona de instabilidade existe em virtude do atrito e movimento entre várias placas tectônicas. Enquanto as placas distanciam-se na região do Oceano Atlântico, na costa dos continentes americano e asiático, elas colidem-se, modificando o relevo e proporcionando abalos sísmicos e a proliferação de vulcões”.
Como os vulcões são formados
No Anel de Fogo do Pacífico acontece a chamada subducção. É o processo em que uma placa tectônica desliza sob a outra. “A imensa pressão que a placa deslocada para baixo exerce sobre o magma no interior da Terra faz com que se procure um caminho para a superfície no limiar da placa. É assim que nascem os vulcões. Se esse processo ocorrer abaixo do oceano, também poderão surgir ilhas vulcânicas. Foi assim (por exemplo) que surgiram as Ilhas Marianas – um arquipélago no limite entre a Placa das Filipinas e a Placa do Pacífico”, explica a DW.
“As placas tectônicas flutuam continuamente sobre camadas de rochas parcialmente sólidas e parcialmente derretidas. Nos lugares onde as placas colidem ou se despedaçam, a terra se mexe literalmente. Alguns vulcões podem se formar onde o manto é dilacerado – por exemplo, no Havaí, no meio da Placa do Pacífico. A maioria dos vulcões se localiza na região de encontro das placas tectônicas. Montanhas, como os Andes na América do Sul ou as Montanhas Rochosas na América do Norte, foram criadas dessa forma.”
Anel de Fogo do Pacífico: perigos ao clima e à vida
O Anel de Fogo do Pacífico influencia, até mesmo, no clima, segundo a DW. “Os vulcões existentes na porção do Pacífico a oeste do continente americano, somados a outros fatores, provocam o aquecimento das águas desse oceano nas proximidades do Peru, que são responsáveis por anomalias climáticas cíclicas, tanto as de curto prazo (como o El Niño e La Niña) quanto as de longo prazo (como a Oscilação Decadal do Pacífico).”
Como a maioria dos terremotos no mundo ocorrem nesta área, é legítimo dizer que milhões de pessoas ao longo de toda a cadeia vivem sob constantes ameaças.
A dimensão dos perigos não é a mesma para todos
“Mas a dimensão dos perigos não é a mesma para todos: o risco de terremotos é alto em lugares mais elevados ou perto dos limites das placas. A situação de ameaça pessoal depende muito da arquitetura e da prevenção de desastres. Ao longo das áreas costeiras há o perigo de tsunami. Ondas gigantes provocadas por terremotos ou atividades vulcânicas podem varrer regiões inteiras em pouco tempo. Vulcões próximos ameaçam localidades com erupções – através de gases, poeira, lava e deslizamentos de terra”, diz a DW.
Para a agência de notícias alemã, uma coisa é certa: “o Anel de Fogo do Pacífico está sob constante pressão. Se um terremoto ocorre em algum lugar, a pressão ali é liberada localmente por algum tempo. Mas logo depois, ela aumenta novamente”. Felizmente, as erupções de abril de 2020 não causaram vítimas nem grandes danos. Foi apenas um susto a mais em tempos de covid-19.
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